Falando de mercado: O Brasil no mercado de químicos de pinus

Author Argus

Químicos de pinus, ou pine chemicals, são produtos químicos derivados das árvores de pinus ou pinheiros. O Brasil desempenha um papel relevante neste mercado mundial.

Camila Dias, diretora da Argus no Brasil, e Leonardo Siqueira, editor de pine chemicals da Argus, conversam sobre o tamanho, a relevância e as perspectivas para este mercado.

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Transcript

CD: Olá e bem-vindos ao ‘Falando de Mercado’ – uma série de podcasts trazidos semanalmente pela Argus sobre os principais acontecimentos com impacto para os setores de commodities e energia no Brasil e no mundo. Meu nome é Camila Dias, eu sou diretora da Argus no Brasil. No episódio de hoje, converso com Leonardo Siqueira, editor da publicação Argus Pine Chemicals, sobre o setor de químicos de pinus e as perspectivas para este mercado no Brasil. Bem-vindo, Leonardo.

LS: Olá, Camila, muito obrigado. Eu que agradeço o convite para participar do podcast.

CD: Leonardo, queria que a gente começasse explicando o que são os químicos de pinus?

LS: Camila, os químicos de pinus são produtos químicos derivados das árvores de pinus ou pinheiros. Algumas espécies de pinus, como o pinus elliotii, são utilizadas para a extração e comercialização da oleorresina ou goma resina. Esta resina nada mais é que um líquido espesso e viscoso extraído de algumas espécies de pinus. No Brasil, as principais espécies utilizadas para a extração e comercialização de resina são a ellliotti e a tropical, sendo que a elliotti tem uma maior utilização comercial. Essa oleorresina de pinus é a principal matéria-prima para dois químicos de pinus: o breu e a terebintina. O breu e a terebintina são obtidos através da destilação da oleorresina de pinus. A partir do breu, por meio de reações químicas deste produto com álcoois diversos, são fabricados os ésteres de breu, que têm propriedades adesivas ou taquificantes. Por isso, podem ser utilizados em colas e adesivos. Outra aplicação dos derivados do breu é a indústria alimentícia. A partir do breu também é produzido o éster de glicerol, que é utilizado para a produção de goma base. A goma base é o principal ingrediente na produção de chicletes. A terebintina é um material líquido que pode ser utilizado em solventes, em fragrâncias e na produção do óleo de pinho que utilizamos para a limpeza. Também são considerados pine chemicals ou químicos de pinus a terebintina sulfatada e o chamado tall oil, produtos obtidos pelo processo kraft na indústria de celulose.

CD: E qual é o tamanho deste mercado?

LS: A produção global de oleorresina de pinus é estimada por consultorias como o Instituto Brasileiro de Químicos de Pinus em 840.000 toneladas. A China é o maior produtor, com 350.000t, seguida pelo Brasil, com 210.000t, Vietnã e Indonésia, com produção anual estimada em 90.000t e 100.000t. Na América do Sul, a Argentina também é um produtor relevante, com uma produção anual estimada em 35.000t. A Argus estima produção global de breu em 700.000t anuais, com China e Brasil como os maiores produtores.

CD: Qual é a importância do Brasil neste mercado num contexto global?

LS: O Brasil é hoje o segundo maior produtor de oleorresina de pinus. É também o segundo maior produtor de breu e um grande exportador deste produto para mercados como a Europa. A terebintina brasileira é exportada principalmente para países como a Índia e os Estados Unidos. A disposição das florestas de pinus no Brasil é eficiente, isso porque as florestas daqui foram plantadas e não são florestas nativas. Na China, por exemplo, o processo de extração da resina é mais complicado, porque o terreno é irregular e as árvores não estão organizadas em fileiras como no Brasil. Como um importante produtor e o principal exportador destes produtos, o Brasil tem um papel relevante num contexto global. A China, embora seja o maior produtor mundial de oleorresina e breu, consome boa parte do produto internamente.

CD: Quais são as perspectivas para este setor?

LS: Uma das preocupações do setor é a redução, ano após ano, da produção de breu na China, e uma maior produção de resinas sintéticas, as chamadas resinas de hidrocarboneto, que competem com o breu em algumas aplicações. Há uma tendência de crescente produção destas resinas sintéticas e uma redução na produção de breu. Há também desafios estruturais no Brasil, como o aumento do preço das terras e uma competição em relação ao uso de terras em outras atividades, como o milho, a soja, e a plantação de eucaliptos. Encontrar e manter mão de obra para atividade de resinagem também tem sido um desafio. Os salários não são altos e este ainda é um trabalho predominantemente manual. Assim como outros setores, o segmento de químicos de pinus no Brasil também sofreu com os gargalos logísticos globais, como a falta de contêineres e atrasos nas entregas de mercadorias em função da pandemia. Algumas das oportunidades estão na verticalização do negócio com a produção de derivados de breu e terebintina de maior valor agregado, o melhoramento genético de pinus visando uma maior produtividade, a mecanização da colheita e novas técnicas de extração de resina. A safra 2022/23 brasileira começou faz pouco tempo e novos volumes de oleorresina de pinus e breu deverão ser ofertados ao mercado em um momento em que a produção de oleorresina em países como a Indonésia e Vietnã, dois importantes players, tende a reduzir em função da época chuvosa e da entressafra nestes países.

CD: Onde e como o ouvinte pode encontrar informação especializada sobre o setor?

LS: A Argus publica mensalmente o relatório Argus Pine Chemicals em inglês e português. A publicação em inglês abrange não apenas preços e perspectivas para a oleorresina de pinus na China, no Brasil, e nos mercados asiáticos, mas inclui, também, preços para o ácido graxo de tall oil e o tall oil, também conhecido como CTO, na Europa e nos Estados Unidos. Estes são mercados cuja demanda está crescendo em função da utilização destes dois produtos como matérias-primas para a produção de biocombustíveis na Europa. A versão em português do relatório foca nos mercados de oleorresina, breu e terebintina no Brasil e Argentina, bem como China, Vietnã e Indonésia.

CD: Muito obrigada, Leonardo. Volte mais vezes para contar pra gente como esse mercado está evoluindo no Brasil.

Esse e os demais episódios do nosso podcast em português estão disponíveis no site da Argus em www.argusmedia.com/falando-de-mercado.

Visite a página para seguir acompanhando os acontecimentos que pautam os mercados globais de commodities e entender seus desdobramentos no Brasil e na América Latina. Voltaremos em breve com mais uma edição do “Falando de Mercado”. Até logo!

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