A estatal boliviana YPFB e a fabricante russa de adubos Acron formarão uma joint venture para produzir e vender fertilizantes químicos na América Latina.
O president boliviano Evo Morales anunciou um acordo inicial com a Acron em sua visita à Rússia entre 13-14 de junho. Uma delegação da Acron esteve na Bolívia antes da viagem de Morales para examinar a planta boliviana de 700.000 t/ano de ureia e amônia inaugurada no ano passado na região de Cochabamba, no sul do país.
O ministro de hidrocarbonetos Luis Sanchez disse na semana passada que o acordo não só envolveria vendas à Acron, mas também uma parceria para produção e distribuição na Bolívia e em duas plantas que a Acron poderia adquirir no Brasil.
"Formaremos uma joint venture para vender ureia produzida na Bolívia e em duas plantas brasileiras por toda a América Latina", disse Sanchez.
A Acron abriu negociações em maio para comprar duas plantas de fertilizantes da Petrobras: a Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, e a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-3), em Mato Grosso do Sul. A Ansa tem capacidade produtiva de 700.000 t/ano de ureia e 475.000 t/ano de amônia. Já a UFN-3 ainda está em construção, mas deverá ter capacidade similar. O investimento pode alcançar $1 bilhão, e as negociações devem durar 90 dias.
A Acron disse que a América Latina já é seu principal mercado consumidor e absorve 1,3 milhão de t/ano de fertilizantes. O Brasil se destaca como o maior mercado individual.
A Bolívia tem um contrato de exportação de 350.000 t/ano de ureia ao Brasil, e também embarca o adubo aos vizinhos Argentina, Peru e Paraguai.
O acordo entre YPFB e Acron também prevê que a empresa russa adquirirá 4 milhões de m3/dia de gás boliviano para abastecer suas plantas brasileiras. A Bolívia já exporta gás ao Brasil, transportando uma média de 22,57 milhões de m3/dia entre janeiro-abril deste ano. O acordo de exportação se encerra no próximo ano. A Bolívia também envia gás à Argentina, a uma média de 13,76 milhões de m3/dia nos quatro primeiros meses do ano.
Morales disse que nomeará um emissário presidencial cujo trabalho será garantir que a Bolívia se beneficie plenamente dos acordos com a Rússia.
Quanto a outros negócios de empresas russas na Bolívia, a produtora de gás Gazprom concordou em investir $1,22 bilhão para desenvolver o campo de gás Vitiacua na Bolívia em uma joint venture com a YPFB. A empresa russa também firmou uma acordo com a francesa Total no distrito de Azero, no sul da Bolívia.

