A moagem de cana-de-açúcar cresceu 5,4pc na safra de 2022-23, com o aumento da produtividade, em meio às condições climáticas favoráveis, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A processamento total de matéria-prima da safra de 2022-23, de 1 de abril de 2022 a 1 de abril de 2023, totalizou 610,1 milhões de t, em comparação a 578,7 milhões de t na temporada anterior.
Os volumes mais altos de cana-de-açúcar processada – apesar da redução na área de colheita – são, majoritariamente, resultado de melhores condições climáticas nas principais regiões produtoras, segundo a Conab.
"A temporada foi marcada pelos níveis de chuva mais baixos, com uma série de ondas de frio pelo Centro-Sul. Ainda assim, a produtividade da safra cresceu 6,1pc, em comparação com 2021-22, quando o clima foi ainda mais adverso", disse o superintendente de Informações da Agropecuária da Conab, Aroldo Neto.
As áreas destinadas à atividade canavieira tiveram uma suave queda, de 8,3 milhões de hectares (ha) para 8,2 milhões de ha. O recuo ocorreu em meio à competição entre a plantação de cana-de-açúcar e outras culturas em áreas crescentes, especialmente na região Sul.
Nos últimos anos, cultivos de soja, milho e cevada e pasto têm substituído a cana-de-açúcar no Sul. A área utilizada para a plantação da matéria-prima foi a terceira menor na série histórica da Conab.
Os produtores têm optado por combinar as culturas de soja e milho na mesma área, ao invés de plantar cana-de-açúcar, já que a primeira escolha tem sido mais lucrativa.
Por outro lado, houve um aumento da área plantada no Nordeste, ao passo que produtores retomaram o plantio de cana nas terras que foram abandonadas ou direcionadas para outros produtos na temporada passada. No Centro Sul, a área total plantada ficou estável, mas a produtividade subiu.
Produção de etanol
Com mais cana-de-açúcar, tanto a produção de etanol quanto a de açúcar cresceram, de acordo com a Conab.
A produção do adoçante avançou 6pc, para 37 milhões de t, com as usinas reequilibrando o mix e abrindo espaço para a produção de açúcar, à medida que as vendas de etanol hidratado ficaram pressionadas na bomba.
Já a produção total de etanol do Brasil – excluindo o biocombustível à base de milho – atingiu 26,5 milhões de m³, alta de 0,5pc na base anual.
O etanol anidro representou a maior parte do crescimento da produção este ano, totalizando 11,49 milhões de m³, aumento de 12pc em relação ao ciclo anterior. Já a produção de etanol hidratado recuou 7pc, para 15,04 milhões de m³, em reflexo de revisões no regime tributário do país que prejudicaram o consumo do biocombustível na bomba.
O etanol à base de milho ajudou a compensar algum declínio na produção do biocombustível à base de cana. O processamento de etanol à base de milho cresceu 14pc, registrando 3,97 milhões de m³. O anidro de milho subiu 52pc, para 1,47 milhão de m³. Para o hidratado, o resultado foi de 2,49 milhões de m³, queda anual de 0,3pc.
O Brasil exportou 2,84 milhões de m³ de etanol na temporada de 2022-23, aumento de 58pc em comparação à safra passada, com produtores enviando parte do excesso de oferta para exportação, enquanto o mercado interno não mostrou sinais de recuperação e a gasolina ficou mais vantajosa na bomba.
Preços melhores, dólar norte-americano forte em relação ao real, oferta reduzida de petróleo e mudanças na demanda global por combustíveis, principalmente na Europa, são alguns dos fatores que levaram ao crescimento das exportações de biocombustíveis, informou a Conab.
As exportações de etanol para Amsterdã-Roterdã-Antuérpia (ARA) – porta de entrada para a maioria das importações na União Europeia – representou 31pc do total embarcado durante o ciclo de 2022-23. A Coreia do Sul, por sua vez, recebeu 27pc, seguida pelos Estados Unidos, com 15pc.
Já as importações de etanol caíram 43pc em comparação ao ano anterior, somando 215.000m³. O etanol à base de milho dos EUA correspondeu a 55pc do total. Virtualmente, todo o restante chegou do Paraguai, que representou 44pc do volume geral.

