08/07/25
Distribuidores projetam consumo recorde em julho-agosto
Distribuidores projetam consumo recorde em julho-agosto
Sao Paulo, 8 July (Argus) — Varejistas esperam que o consumo de combustíveis
automotivos atinja o maior nível para o bimestre de julho-agosto já registrado
na série histórica da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP). As projeções fazem parte de um levantamento feito pela
Argus com as equipes de inteligência de alguns dos maiores participantes do
mercado brasileiro de distribuição de combustíveis. A mediana das estimativas
aponta para um consumo total de 11,817 milhões de m³ em julho e 11,824 milhões
de m³ em agosto, somando diesel, gasolina e etanol. Os números superam em quase
2pc e 1pc, respectivamente, as marcas dos mesmos meses em 2024, conforme dados
da própria autarquia. Considerando o bimestre fechado, as projeções para a
demanda agregada dos três combustíveis variaram de 23,200 milhões de m³ a 23,820
milhões de m³, em uma indicação de elevada convergência de cenários entre os
principais participantes do mercado consultados para o levantamento. O consenso
dos entrevistados é de que a venda de diesel B atinja as marcas de 6,166 milhões
de m³ em julho e de 6,190 milhões de m³ em agosto — altas de 1,6pc e 1,2pc,
respectivamente. Os números já capturam a vigência do novo mandato de mistura do
biodiesel, que elevará a mescla de 14pc para 15pc a partir de 1º de agosto. Se
confirmadas, as projeções também indicam uma demanda teórica por biodiesel de
pelo menos 1,792 milhão de m³ no bimestre — o que corresponderia a uma alta de
6pc em relação ao mesmo período em 2024 e de 10pc apenas na comparação anual
para agosto, considerando a base de dados da ANP. Gasolina compensa etanol A
expectativa também é de aumento nas vendas do Ciclo Otto, que inclui gasolina e
etanol hidratado, neste quarto bimestre. Neste caso, o consenso aponta para
11,278 milhões de m³ vendidos no acumulado de julho e agosto, ante 11,109
milhões de m³ no ano anterior. Do lado da gasolina C , a mediana das projeções
aponta para um consumo de 3,860 milhões de m³ em julho e 3,880 milhões de m³ em
agosto. Os números representam altas de 2,49pc e 1,86pc na comparação com os
respectivos meses em 2024. Também estão contemplados os efeitos do aumento da
mistura, de 27pc para 30pc, de etanol anidro na gasolina no próximo mês. No caso
do etanol hidratado, o consenso dos entrevistados indica um consumo acumulado de
3,495 milhões de m³ de julho-agosto, um recuo de 1pc na comparação anual.
Separando as medianas das projeções para cada mês, os resultados seriam de
compras de 1,746 milhão de m³ em julho e de 1,800 milhão de m³ em agosto. Os
movimentos no Ciclo Otto refletem as expectativas do mercado em relação à
paridade de preços para o biocombustível em relação ao fóssil em diversas praças
do país. Com uma maior proporção de etanol anidro na gasolina e uma necessidade
maior de usinas direcionarem operações para a fabricação do aditivo, alguns
participantes esperam um cenário mais vantajoso para o combustível fóssil no
curto prazo. Dados mais recentes da ANP, referentes à semana de 22 de junho,
indicavam uma paridade de 67,3pc em nível nacional — 2 pontos percentuais (pp)
abaixo do pico observado no fim de janeiro. Mesmo com o quadro geral ainda
favorável ao biocombustível, somente 5 das 27 unidades da federação apresentavam
níveis abaixo dos 70pc: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e
São Paulo. As estimativas das distribuidoras para o consumo de combustíveis
levam em conta o comportamento de variáveis macroeconômicas, como expectativas
para o Produto Interno Bruto (PIB) e o desempenho de setores mais intensivos no
consumo de combustíveis. As empresas também consideram impactos de decisões de
cunho regulatório, como a mudança de mistura de biocombustíveis sobre os
combustíveis fósseis. Diesel, gasolina e etanol responderam por 88pc de toda a
energia consumida pelo setor de transportes do país em 2024, de acordo com o
Balanço Energético Nacional (BEN), realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
(EPE). No caso do diesel também houve participação de 47pc sobre a energia
utilizada pelo setor agropecuário. Por Marcos Mortari Envie comentários e
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