O Brasil está ampliando suas importações de ureia granulada a partir da Bolívia, após a inauguração da planta da produtora estatal boliviana YPFB no município de Bulo-Bulo (Cochabamba) no ano passado.
A YPFB enviou os primeiros volumes de ureia ao Brasil em novembro de 2017, que chegaram à cidade sul-mato-grossense de Corumbá, na fronteira entre os dois países, no final de janeiro de 2018. Lá, as cargas são legalizadas pela aduana brasileira. À época das primeiras importações, as cargas levaram entre 7-10 dias para liberação alfandegária, mas o período de espera passou para 2-3 dias em maio após a adoção de trâmites de importação mais ágeis.
As estatísticas oficiais do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) indicam que o Brasil recebeu 24.174t de ureia boliviana este ano, importadas entre março-abril. Um levantamento feito pela Argus, entretanto, aponta que os cálculos do MDIC estão atrasados em relação às compras, que efetivamente começaram entre o final de janeiro e o início de fevereiro e, desde então, somam 55.000-60.000t até maio .
"Avaliamos que o Brasil recebeu mais ureia do que as estatísticas oficiais apontam pois o registro das importações nos sistemas alfandegários ocorre com até três meses de atraso em relação ao mês da entrada do produto no Brasil", afirmou uma trading de fertilizantes.
A YPFB firmou no ano passado um acordo inicial para retirada de 350.000t de ureia da Bolívia até o Brasil com a trading suíça Keytrade AG, que será responsável por armazenar e distribuir o produto no mercado brasileiro, sobretudo em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As empresas assinaram um adendo do contrato que permite o fornecimento de até 50.000t/ano adicionais.
A produtora boliviana deseja ampliar seus embarques ao Brasil e restante da América Latina, uma vez que a produção da unidade está atualmente subutilizada. A unidade possui capacidade instalada de 700.000t/ano de ureia, mas a demanda boliviana pode atingir no máximo 15pc deste volume, segundo estimativas do governo local.
A YPFB recentemente assinou um acordo de fornecimento de 100.000t de ureia com a Dreymoor, trading baseada em Cingapura, para distribuição do produto na Argentina e Paraguai. Participantes citaram que a YPFB pode abrir negociação com outras empresas no Brasil e restante da América Latina para ampliar suas exportações, mas os volumes disponíveis para negociação de novos contratos são baixos.
Participantes estimam que a estatal boliviana elevará gradualmente sua produção e expedição ao longo deste ano, o que pode favorecer as exportações da companhia.

