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Brasil pode ser autossuficiente em trigo em 5 anos

  • Märkte: Agriculture, Fertilizers
  • 02.09.22

O Brasil deve colher uma safra de trigo compatível com o consumo doméstico do grão dentro de cinco anos, à medida que o interesse dos agricultores pela cultura cresce e as novas variedades adaptadas ao clima tropical resultam em melhores produtividades.

A produção de trigo do país vem crescendo, especialmente nos últimos três anos, passando de 5,2 milhões de toneladas (t) em 2019-20 para uma expectativa de 9 milhões de t na safra 2021-22, que já começou a ser colhida, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Espera-se que o ritmo de crescimento acelere, uma vez que os preços internacionais mais altos estimulam o aumento da produção nas áreas tradicionais para a cultura, como a região Sul do país. Há também um interesse crescente pelo trigo na região do cerrado, onde os agricultores vêm contando com variedades de sementes mais adaptadas ao clima, desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Pesquisadores da Embrapa inicialmente previam que o Brasil alcançaria a autossuficiência na produção de trigo em 10 anos, considerando o avanço do cultivo no cerrado. Mas o presidente Associação Brasileira Indústria Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, durante uma reunião da indústria de fertilizantes realizada em agosto, disse que o país deve produzir cerca de 12-13 milhões de têm cinco anos, volume que representa o atual consumo doméstico.

As exportações também devem aumentar, então o Brasil deve continuar a importar trigo e os volumes dependerão dos preços e das condições de mercado, disse ele.

Os três estados da região Sul do Brasil - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná - respondem por 90pc da área plantada com trigo no país, com 2,7 milhões de hectares (ha), e 91,3pc da produção. Juntos, eles podem colher 8,4 milhões de t nesta temporada. Mesmo assim, a produção de trigo ainda ocupa uma pequena parte das áreas onde a soja é cultivada no verão, o que garante um potencial de expansão do trigo entre 5 a 7 milhões de ha na região Sul — de clima subtropical, tradicionalmente adaptado ao cultivo do trigo — projeta a Embrapa.

Nova fronteira

Nas últimas décadas, as áreas de cerrado na região Centro-Oeste do Brasil se consolidaram como as mais relevantes para a produção de grãos e oleaginosas do país.

O Brasil é o maior produtor mundial de soja e a região Centro-Oeste abriga a maior parte da safra da oleaginosa do país. Um salto no cultivo do milho segunda safra também mais que triplicou a produção total de milho nos últimos 20 anos, de 47 milhões de t para 115 milhões de t.

Atualmente, apenas 5pc da área potencial para produção de trigo no cerrado é cultivada. Estima-se que pouco mais de 200.000 ha do potencial esperado de 4 milhões de ha foram plantados. As lavouras estão localizadas principalmente nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia, além do Distrito Federal.

Desse potencial de 4 milhões de ha, 1,5 milhão de ha corresponde ao trigo irrigado, que oferece maior produtividade, enquanto os outros 2,5 milhões de ha têm clima favorável para o plantio do trigo de sequeiro, disse o pesquisador da Embrapa Julio Albrecht à Argus. A cultivar de trigo irrigado BR 264, desenvolvida pela Embrapa e utilizada em 70pc da área plantada no cerrado, bateu um recorde mundial de produtividade em 2021, diz ele. Uma propriedade rural em Cristalina, no estado de Goiás, colheu 9.630kg/ha, o que equivale a 80,9kg/ha por dia. O cálculo leva em consideração o ciclo de 119 dias do trigo irrigado no Brasil. Como comparação, o trigo neozelandês é plantado em clima tropical, mas o ciclo dura 317 dias, o que equivale a uma produtividade média de 54,8kg/ha/dia e de 289,9kg/ha para a colheita total.

Alguns estados – como Ceará, Piauí e Maranhão, na região Nordeste do Brasil, e Roraima, estado do Norte que faz fronteira com a Venezuela – ainda não aparecem nas estatísticas de trigo da Conab, porque sua produção está em estágio inicial, mas há um interesse crescente na cultura.

Em Balsas, no Maranhão, o produtor Antidio Sandri foi um dos pioneiros no plantio de trigo, semeando 130 ha em 2021. Ele contou à Argus que, no primeiro ano de plantio, ainda estava ajustando a quantidade de irrigação necessária para a cultura e teve produtividade média de 2.000 kg/ha. Este ano, ele espera atingir até 4.000kg/ha. A primeira safra colhida foi vendida antecipadamente para um moinho do Ceará. Sandri percebeu que outros agricultores estão interessados, por isso este ano aposta na produção de sementes de trigo, plantando 30 ha com maior uso de tecnologia.

Empresários e agricultores estão entusiasmados com o aumento da produção de trigo no cerrado, mas sabem que ainda existem muitos entraves, como a disponibilidade de sementes e a falta de financiamento para a cultura em regiões não tradicionais. De qualquer forma, muitos acreditam que o trigo pode ser "o novo milho" do Brasil, caso se torne uma opção para a entressafra de outras culturas, além do crescente interesse pelo cultivo irrigado.


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