Petrobras avalia produção de SAF à base de etanol
A Petrobras pretende produzir combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) a partir de etanol em parceria com a indústria sucroalcooleira nordestina, disse o presidente Jean Paul Prates.
A Petrobras se reuniu ontem com membros da indústria canavieira do Nordeste no Rio Grande do Norte para discutir "novos projetos de combustíveis renováveis", disse Prates na rede social X, previamente conhecida como Twitter.
A companhia quer cooperar com o setor local em tendências emergentes nos mercados de etanol e combustíveis sintéticos, como o uso do bagaço – a biomassa do processo de moagem da cana-de-açúcar – como matéria-prima.
"Tratamos das novas rotas tecnológicas da Petrobras na garantia de novos combustíveis, com destaque para o potencial do etanol, que pode ser utilizado para a produção SAF", disse Prates
Também participaram da reunião o diretor executivo de logística, comercialização e mercados, Claudio Schlosser, representantes do Sindicato da Indústria de Álcool dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí (Sonal) e dirigentes das usinas Estivas, Grupo Farias e Grupo Telles.
A cartada é parte do objetivo da Petrobras de liderar globalmente a transição energética e a busca por soluções de baixo carbono, em parceria com outros agentes do setor energético nacional, segundo Prates.
Recentemente, a Petrobras anunciou o seu plano estratégico para 2024-28, que direciona $1,5 bilhão para o biorrefino até 2027.
Na virada do ano, a companhia revelou planos para produzir diesel renovável e SAF em sua refinaria Presidente Bernardes (170.000 b/d), em Cubatão, com tecnologia da companhia de engenharia norte-americana Honeywell.
Empresas sucroalcooleiras ainda precisam anunciar suas propostas para o processamento doméstico de bioquerosene de aviação. Até agora, a maioria tem favorecido a exportação de etanol como matéria-prima para fabricantes de combustíveis em outros países, em vez construir plantas para converter etanol em SAF localmente. A baixa intensidade de carbono do etanol de cana-de-açúcar brasileiro o torna uma escolha natural para a produção de SAF.
O diretor de inteligência setorial da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Luciano Rodrigues, acredita que o programa Combustível do Futuro — que, entre outras coisas, estabelece metas de emissões para o setor de aviação — poderá desencadear novos investimentos, após sua aprovação no Congresso.
"Ter um mandato de SAF significa maior segurança para o produtor que tem interesse em fazer o investimento, porque haveria uma demanda garantida para um determinado produto", disse Rodrigues à Argus nos bastidores do evento de lançamento da campanha "Vá com Etanol", da Unica, na semana passada.
Questionado sobre os pedidos por desonerações fiscais para que esses investimentos em alcohol-to-jet deslanchem no país, Rodrigues acredita que elas poderiam surgir "em um segundo momento" para que o Brasil, o principal fornecedor de matéria-prima, seja preferido pelos investidores.
"É inegável que o Brasil será o principal fornecedor porque temos matéria-prima com baixa intensidade de carbono em grande volume e que atende a todas as exigências ambientais", disse Rodrigues.
"Mas os Estados Unidos, com o Inflation Reduction Act (IRA) e os seus programas federais ou estaduais, abriram caminho para intensificar os investimentos na indústria de SAF", acrescentou.
Um grupo bipartidário de senadores de estados do cinturão agrícola norte-americano está defendendo um projeto de lei destinado a acelerar a produção de SAF no país, conhecido como "Farm to Fly Act" (Do Campo ao Voo, em tradução livre).
Related news posts
Acelen aposta na macaúba para gerar biocombustível
Acelen aposta na macaúba para gerar biocombustível
Sao Paulo, 19 June (Argus) — A Acelen, subsidiária brasileira do fundo soberano árabe Mubadala, planeja usar a macaúba, uma palmeira nativa brasileira, para produzir biocombustíveis, disse o CEO Luiz Mendonça na conferência Argus Biofuels and Feedstocks Latin America. A empresa quer estabelecer uma floresta permanente de 180 mil hectares para plantar macaúba, disse Mendonça na conferência, que acontece entre hoje e amanhã em São Paulo. A maior vantagem da macaúba é que a planta pode produzir 7-10 litros/hectare a mais de biocombustíveis do que a soja, acrescentou ele. As palmeiras podem ser cultivadas no cerrado, bioma presente em cerca de 25pc do País. A palmeira também pode crescer em áreas de plantio devastadas, o que agrada os mercados americanos e europeus, disse o executivo. Mendonça também falou que a macaúba pede pouca água, começa a dar frutos em 3-4 anos e pode produzir por 30-40 anos. A palmeira ainda pode gerar outros subprodutos para setores de cosméticos, polímeros e alimentação animal, entre outros, o CEO acrescentou. A Acelen informou, no ano passado, que planeja construir uma biorrefinaria na Bahia para produzir óleo vegetal hidratado (HVO) e combustível sustentável de aviação (SAF) para o mercado de exportação. A biorrefinaria deverá começar a operar em 2026 e terá uma capacidade de produção de 20 mil b/d de HVO e SAF. A empresa pretende investir até US$ 2,5 bilhões na nova refinaria ao longo da próxima década. Inicialmente, a planta usará óleo de soja e de milho como matéria-prima, e fará a transição para o óleo de palmeira dentro de 3-4 anos. Mas a macaúba não é uma "arma mágica" para aumentar a produção global de biocombustíveis, disse Mendonça. "Outras empresas estão pesquisando outras coisas. Se vamos [ampliar a produção de biocombustível], será um esforço conjunto. Todos estão contribuindo", falou. Combustível do Futuro O CEO disse que o programa Combustível do Futuro foi importante para aumentar a produção de biocombustível, mas é apenas um primeiro passo de um longo caminho. Mendonça se disse cético sobre o programa, já que não oferece mandatos claros para o setor. "O Brasil está atrás do resto do mundo" no assunto, ele afirmou. Por Lucas Parolin Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.
Enchentes no RS: 3tentos diminui perspectiva para soja
Enchentes no RS: 3tentos diminui perspectiva para soja
Sao Paulo, 9 May (Argus) — A empresa de agronegócio 3tentos reduziu suas perspectivas da safra de soja para esta temporada devido às enchentes que assolam o Rio Grande do Sul. Parte importante das operações da 3tentos está sediada no estado, segundo maior produtor de soja do país, que enfrenta fortes chuvas desde 29 de abril. As enchentes já mataram 107 pessoas, segundo a Defesa Civil. Como resultado, a safra de soja do Rio Grande do Sul pode cair para 20 milhões t-21 milhões de t, ante 23 milhões t-24 milhões de t previstas anteriormente, de acordo com o presidente da 3tentos, Luis Osório Dumoncel. Pelo menos 80pc da soja colhida este ano está armazenada em armazéns ou portos. "Temos trabalhado incansavelmente para manter todas as operações de fornecimento de insumos, grãos, rações e biocombustíveis", disse o executivo durante teleconferência de resultados trimestrais. A companhia vê um "pequeno risco" para suas cadeias de oferta de pesticidas, sementes e fertilizantes, devido às inundações. Do lado logístico, rotas alternativas de exportação também têm sido utilizadas para escoar produtos como o farelo de soja, explicou o diretor operacional João Marcelo Dumoncel. Resultados do 1º tri As vendas da 3tentos no primeiro trimestre atingiram R$2,68 bilhões, alta de 48,5pc em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionadas pelos segmentos de indústria, biodiesel e farelo de soja. O segmento industrial, o maior da empresa, foi responsável por R$1,52 bilhão em vendas, subindo 69pc na base anual. As receitas de farelo de soja e outros produtos totalizaram R$927,6 milhões, 72pc acima do primeiro trimestre de 2023. As vendas de biodiesel aumentaram 64pc, para R$591 milhões, graças à elevação do mandato de mistura do biocombustível de 12pc para 14pc desde março. "Temos certeza de que a operação de biodiesel ajudará na margem da empresa neste ano", contou Dumoncel. As margens de esmagamento de soja da empresa cresceram 3,3pc no trimestre, fixando-se em R$ 442/t, fortelecidas pela produção de biodiesel. As vendas de grãos da 3tentos avançaram quase 27pc, para R$560 milhões. As receitas no segmento de matérias-primas agrícolas — como fertilizantes, pesticidas e sementes — alcançaram R$601 milhões no primeiro trimestre, salto de 35pc na variação anual. No período, a receita da companhia totalizou R$156,44 milhões, aumento de 51pc. A 3tentos também iniciou a construção de sua primeira unidade de moagem de milho para produção de etanol e grãos secos de destilaria (DDG, na sigla em inglês). A empresa concluiu esta semana a emissão de títulos de dívida no valor de R$560,73 milhões. Por Alexandre Melo Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.
Produção de veículos aumenta em abril
Produção de veículos aumenta em abril
Sao Paulo, 8 May (Argus) — A produção brasileira de veículos subiu 24pc em abril, em um cenário de vendas crescentes no mercado interno. A produção de veículos atingiu 222.115 unidades em abril, em comparação com 178.853 no mesmo mês em 2023, informou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em relação a março, a produção cresceu 13pc. No acumulado desde janeiro, houve alta de 6,3pc, para 760.114 unidades. Já as vendas saltaram 37pc em comparação com o mesmo período do ano anterior. O licenciamento de veículos totalizou 220.840 unidades no mês, 17pc maior do que em março. O Brasil exportou cerca de 27.330 unidades em abril, queda de 19pc na base anual e alta de 16pc em relação ao mês anterior. "Temos pela frente alguns pontos de alerta, como a redução do ritmo de queda dos juros e os efeitos da calamidade no Rio Grande do Sul", disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. Leite acrescentou que as enchentes no estado já estão afetando fábricas de veículos, máquinas agrícolas e componentes usados por toda a cadeia automotiva. As chuvas já deixaram mais de 100 mortos, segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul. Outras 128 pessoas estão desaparecidas e cerca de 164.000 perderam suas casas. Por Laura Guedes Participação de mercado de veículos leves por combustível % Abr-24 Abr-23 ± (pp) Gasolina 3,6 2,5 1,1 Elétricos 3,2 0,4 2,8 Híbridos 2,3 2,1 0,2 Híbridos Plug-in 1,7 0,7 1 Flex 79,5 83,4 3,9 Diesel 9,6 10,9 -1,3 Anfavea Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.
ANP reduz mescla de etanol e biodiesel no RS
ANP reduz mescla de etanol e biodiesel no RS
Sao Paulo, 6 May (Argus) — A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) diminuiu, temporariamente, a mistura obrigatória de etanol e biodiesel no Rio Grande do Sul por 30 dias, a partir de 3 de maio, em meio a enchentes catastróficas no estado. O mix de etanol anidro na gasolina caiu dos atuais 27pc para 21pc, enquanto o do biodiesel no diesel S10 está agora em 2pc, queda em relação à porcentagem vigente de 14pc. Também de forma temporária, a agência suspendeu a necessidade de mistura para o diesel S500. A ANP informou que pode revisar os prazos da medida dependendo das condições de abastecimento no estado. As chuvas no Rio Grande do Sul bloquearam rodovias e ferrovias que transportam os biocombustíveis para centros de distribuição, como Esteio e Canoas. O fornecimento de combustíveis fósseis pela ligação dutoviária da refinaria Alberto Pasqualini (Refap) às outras bases de distribuição do entorno não foi comprometido, afirmou a ANP. As enchentes no estado já deixaram pelo menos 83 mortos e 111 desaparecidos, de acordo com o governo local. Mais de 23.000 pessoas tiveram que deixar suas casas e cerca de 330 cidades estão em situação de calamidade pública. Por Laura Guedes Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.
Business intelligence reports
Get concise, trustworthy and unbiased analysis of the latest trends and developments in oil and energy markets. These reports are specially created for decision makers who don’t have time to track markets day-by-day, minute-by-minute.
Learn more