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13/11/25
Virada de mix para etanol pode persistir em 2026-27
Virada de mix para etanol pode persistir em 2026-27
Sao Paulo, 13 November (Argus) — Os balanços trimestrais das empresas
sucroenergéticas divulgados nesta semana confirmaram a recente virada de mix de
produção a favor do etanol em detrimento do açúcar nas usinas – movimento que
pode perdurar pela próxima safra. A contínua desvalorização dos preços do açúcar
nos últimos meses, diante de uma perspectiva global de superávit de oferta,
tornou a produção do biocombustível mais atrativa para usinas do que a do
adoçante em diversas praças do país. Os preços do contrato futuro do açúcar com
vencimento em março de 2026 negociados na Bolsa de Nova York atingiram 14,52
centavos de dólar por libra (¢/lb) em 12 de novembro, recuo de quase 24pc ante
19,20¢/lb registrados um ano antes. Enquanto isso, o preço do etanol anidro
comercializado à vista no Centro-Sul subiu 13pc na comparação anual, para R$
3,367/m³ na última cotação de 7 de novembro. Os movimentos de preços evidenciam
uma mudança de paradigma em relação aos últimos anos, quando o açúcar voltado à
exportação remunerava os produtores mais do que o etanol. Essa virada de
rentabilidade começou no Centro-Oeste, região que, pela maior distância da
costa, enfrenta custos mais altos para transportar a commodity até os portos.
Mas até mesmo usinas do estado de São Paulo, que abriga o Porto de Santos –
principal terminal de escoamento do açúcar brasileiro para o mercado
internacional –, perceberam ultimamente uma maior rentabilidade com a produção
de etanol. A São Martinho informou, na teleconferência de resultados do último
dia 11 de novembro, que, desde setembro, suas usinas em São Paulo estão
direcionando 100pc da produção para o etanol. O diretor financeiro da companhia,
Felipe Vichiatto, destacou que o preço do etanol equivalente ao açúcar girava em
torno de 15,50¢/lb, enquanto a tela do açúcar ficou próxima a 14¢/lb. Ele disse
que, se o mercado continuar operando nesses níveis, é provável que a empresa
inicie a próxima safra – que vai de abril 2026-março 2027 – ainda com um mix
mais alcooleiro. A produtora Jalles registrou um mix de produção de 49,5pc para
o açúcar e 50,5pc para o etanol entre julho-setembro. A fatia do adoçante está
abaixo do previsto no guidance da empresa para a safra, de 51,8pc, contra 48,2pc
para o biocombustível. Segundo a empresa, desde junho, o anidro começou a
remunerar mais do que o adoçante em sua unidade Jalles Machado, em Goiás, e, a
partir de setembro, os preços do etanol hidratado também tornaram-se mais
rentáveis que o açúcar. A Adecoagro também mudou sua estratégia no segundo
semestre da safra, maximizando a produção de etanol em detrimento do açúcar
entre julho-setembro, alçando um mix de 58pc para o bicombustível e 42pc para o
adoçante. Isso se compara com um mix de 45pc para o etanol e 55pc para o açúcar
um ano atrás. Mercado posterga liquidação de contratos Tradings e produtores
iniciaram um movimento de rolagem de contratos de açúcar desde meados de maio,
na tentativa de liquidar os papéis a preços mais atrativos para a venda –
cenário que não se concretizou. O resultado foi uma desvalorização sucessiva dos
preços do adoçante, que levou a um acúmulo de perdas para os investidores. Os
preços do contrato futuro do açúcar com vencimento em março de 2026 negociados
na NYSE desvalorizaram 18,1pc entre 1º de maio-12 de novembro. As expectativas
para a próxima safra ainda são de baixa para os preços do açúcar — o que deve
fazer os agentes liquidarem os contratos postergados até março de 2026, a fim de
evitar maiores perdas, segundo participantes do setor. O mercado espera uma
recuperação na qualidade da cana-de-açúcar em 2026-27, devido a condições
climáticas mais favoráveis, que deve levar a uma safra maior que a atual. Isso
injetaria amplos volumes de açúcar no mercado, mesmo com um mix mais alcooleiro
— o que dificultaria uma recuperação dos preços do adoçante. Por Maria Lígia
Barros e Maria Albuquerque Envie comentários e solicite mais informações em
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