Oleochemicals
31/07/25
Drawback pode sustentar exportações de sebo
Drawback pode sustentar exportações de sebo
Sao Paulo, 31 July (Argus) — As exportações de sebo bovino para os Estados
Unidos podem continuar graças ao mecanismo de duty drawback, mas parte da oferta
terá de ser absorvida pela indústria brasileira de biodiesel. Na quarta-feira, o
presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que implementa uma
tarifa de 50pc sobre todas as importações vindas do Brasil, com efeito a partir
de 6 de agosto. Até o momento, era mais lucrativo importar o sebo bovino e
utilizá-lo na produção de biocombustíveis que seriam utilizados no mercado
doméstico dos EUA, devido aos incentivos fiscais concedidos a combustíveis
produzidos a partir de resíduos no país. Com a tarifa de 50pc sobre importações
do Brasil, se torna inviável utilizar o sebo bovino brasileiro na produção de
combustíveis para uso interno. Os produtores norte-americanos de biocombustíveis
podem, contudo, reivindicar o "duty drawback" se o combustível produzido com o
sebo bovino brasileiro é exportado. Isso significa que eles podem receber uma
restituição de até 99pc das tarifas e impostos pagos pela importação. A
indústria dos EUA já comercializa combustível sustentável de aviação (SAF) e
diesel verde (HVO) para a Europa. Por outro lado, se o insumo for redirecionado
para o mercado interno, produtores de biodiesel acreditam que podem absorver
parte da oferta e aumentar o uso de sebo caso o produto seja vendido a um
desconto em relação aos preços do óleo de soja. Mais de 231.000 toneladas (t) de
sebo bovino foram utilizadas na produção de biodiesel no primeiro semestre de
2025, o que representa 5,6pc do total de matérias-primas, segundo a Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Mais de 230.000 t de
sebo foram exportadas para os EUA no mesmo período, segundo dados do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Caso esse volume
tivesse permanecido no Brasil, a indústria de biodiesel poderia utilizar o sebo
com baixo teor de acidez – cerca de até 5pc. O Mdic não detalha a acidez do sebo
exportado, mas fontes relataram à Argus que os EUA têm comprado sebo com acidez
que varia entre 10pc e 15pc. Parte do mercado ainda acredita em uma eventual
suspensão da tarifa, mas alguns participantes disseram à Argus que a pressão
para que a tarifa seja suspensa deve ser menor do que o esperado, já que o
governo dos EUA isentou da cobrança adicional cerca de 700 produtos – ou 45pc
dos produtos exportados pelo Brasil. Suco e polpa de laranja, fertilizantes,
feijão e arroz são alguns exemplos. Novos mercados para explorar Exportadores de
sebo estão buscando novos mercados para explorar, com foco na Europa.
Entretanto, há uma série de desafios para que esse fluxo se concretize. O sebo
bovino exportado do Brasil para a União Europeia (UE) tem um custo mais alto de
frete e não conta com os mesmos incentivos fiscais que os EUA oferecem. Dessa
forma, os preços precisariam ser muito mais baixos para viabilizar negociações
com destino à UE. Por Natalia Dalle Cort e João Marinho Envie comentários e
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