A produção de veículos no Brasil caiu em setembro para o menor nível em 15 meses devido à escassez de semicondutores e aos entraves logísticos, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Diante deste cenário, a entidade reduziu a estimativa para produção neste ano e ainda enxerga um ambiente macroeconômico desafiador para 2022.
A produção total de veículos em setembro alcançou 187.100 unidades, queda de 18,5pc na comparação anual e 27pc menor ante o mesmo mês de 2019, antes da pandemia de Covid-19.
Houve recuo de 21pc no segmento de automóveis, para 173.300 unidades. Entretanto, a produção de caminhões cresceu 46,5pc, totalizando 13.800 unidades, impulsionada pela demanda do agronegócio e dos setores de construção e mineração.
"As vendas de veículos tiveram o pior mês de setembro desde 2005", disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, a jornalistas. "Há demanda, mas não temos produto."
O vice-presidente da associação, Marco Antonio Saltini, alertou que o segmento de caminhões não está imune à escassez de peças.
As montadoras brasileiras estão importando peças em aviões cargueiros por falta de contêineres, afirmou Moraes. A baixa produção impulsionou a venda de seminovos, com a média de seis carros usados vendidos para cada novo, o dobro do normal.
O licenciamento de veículos totalizou 155.075 unidades, uma redução de 25pc em relação aos números de setembro de 2020. As exportações foram 22,5pc inferiores, somando 23.639 unidades.
Os veículos elétricos e híbridos representaram 1,9pc da frota de veículos licenciados em setembro, com 2.756 unidades vendidas.
A Anfavea reduziu as estimativas de produção para 2021 em meio à escassez de peças e à lenta recuperação econômica. A produção pode crescer entre 6pc e 10pc, para uma faixa entre 2,13 milhões e 2,22 milhões de automóveis, caminhões e ônibus.
O número está abaixo do aumento de 22pc previsto em julho, e a produção também está abaixo da indústria brasileira, de 5 milhões de unidades por ano.
A expectativa é de que o setor se recupere em 2022, deixando para trás restrições à produção e à logística, mas a inflação e as altas taxas de juros ainda serão desafiadoras.

