A produção de etanol da líder sucroalcooleira Raízen cresceu apenas 1,9pc no trimestre de julho a setembro apesar da oferta recorde de matéria-prima, ao passo que suas usinas alocam mais cana para o processamento de açúcar.
No período, a joint venture entre a Shell e o conglomerado Cosan buscou uma estratégia de "carry", ou seja, o estoque de etanol para se beneficiar de preços mais altos no ano que vem. A cartada ocorre em um momento de preços baixos para o biocombustível e competição crescente da oferta de etanol de milho.
A produção de etanol no segundo trimestre fiscal da companhia, encerrado em 30 de setembro, subiu para 1,4 milhão de m³, informou a Raízen. O número se compara a 1,38 milhão de m³ no mesmo intervalo do ano anterior. No período, o mix de produção foi de 44pc para o etanol e 56pc para o açúcar, contra 48pc para o biocombustível no ano passado.
Uma perspectiva de mercado pessimista para o curto prazo pautou a estratégia da Raízen de favorecer o açúcar em detrimento do etanol. "A maior oferta do mercado de etanol de cana e de milho no período manteve a paridade versus gasolina abaixo dos níveis históricos", alegou a empresa.
Oportunidades de arbitragem mais difíceis para exportação e a demanda menor por etanol industrial também pesaram na decisão. Em consequência, a Raízen acumulou estoques de 1,34 milhão de m³ no final do trimestre, alta de 8pc na base anual.
Enquanto isso, as vendas de etanol no último trimestre caíram para 1,4 milhão de m³, queda de 3,2pc em relação ao ano anterior. Os preços médios do biocombustível no trimestre caíram para R$ 2.945/m³, baixa de 16pc em relação ao ano anterior. As cotações mais baixas ajudaram a reduzir a receita da Raízen com etanol em 23pc no ano, para R$4,52 bilhões.
Já a moagem de cana-de-açúcar no trimestre atingiu 37,5 milhões de t, aumento de 13pc no ano, enquanto a produção de açúcar totalizou 2,94 milhões de t, avanço de 20pc na variação anual.
A produção de etanol celulósico, ou de segunda geração (2G), totalizou 8.600m³, decréscimo de 9,5pc em relação à safra anterior. O etanol celulósico é feito com bagaço – a biomassa do processo de moagem da cana-de-açúcar –, além de pontas e folhas descartadas da colheita da cana.
A Raízen tem planos ambiciosos de alcançar 20 unidades de etanol 2G em operação em 10 anos, com capacidade instalada total que atingirá até 1,6 milhão de m³/safra quando todo o trabalho estiver concluído.
Desempenho financeira
A Raízen reportou lucro trimestral de R$181 milhões, acima do R$1 milhão do mesmo período do ano anterior, "em virtude da evolução do desempenho operacional e geração de margens, mesmo com o impacto da alta de juros no período", disse a empresa.
A receita líquida foi de R$59,4 bilhões, 26pc menor em comparação aos R$64,2 bilhões do mesmo intervalo em 2022.
A empresa possui 8.213 postos da marca Shell espalhados pelo Brasil, Argentina e Paraguai. As vendas de combustíveis – gasolina, E100, E27, diesel, combustível de aviação e outros – nos postos subiram 0,9pc, para 9,18 milhões de m³.

