Autoridades chinesas proibiram temporariamente importações de soja brasileira de unidades específicas de algumas tradings, após "detecção de não conformidade" em suas remessas, informou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) nesta quarta-feira.
A Administração Geral de Alfândega da China (GACC, na sigla em inglês) notificou autoridades brasileiras sobre componentes não autorizados identificados em remessas de soja de cinco empresas, mas nenhuma foi totalmente proibida de exportar a oleaginosa para o país asiático.
O governo brasileiro esclareceu que componentes não autorizados foram identificados em cargas pertencentes a uma unidade de cada uma das cinco tradings. As cinco unidades estão temporariamente proibidas de enviar cargas para a China, enquanto as investigações continuam, informou o Mapa. O governo brasileiro não divulgou os nomes das empresas.
Outras unidades dessas empresas ainda estão autorizadas a exportar para a China. Fontes de uma das tradings afetadas confirmaram a proibição temporária à Argus, destacando que traços de pragas e pesticidas não autorizados foram identificados nas cargas. A equipe jurídica dessa empresa está supervisionando o assunto, disseram fontes à Argus.
É comum que a alfândega chinesa inspecione cada carga que chega em seus portos, com autoridades chinesas e brasileiras trocando informações diretamente sobre os resultados obtidos.
Alguns participantes de mercado informaram que este caso pode levar a um processo de inspeção e liberação mais rigoroso para a soja, enquanto outros estão confiantes de que a proibição temporária e a investigação são apenas de rotina.
A China é o maior importador de soja do mundo, recebendo pelo menos 60pc das importações globais da oleaginosa a cada ano, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). O Brasil responde pela maior parcela dos volumes importados, enquanto os compradores chineses recebem a maior parte das exportações de oleaginosas do país. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) estima que a China recebeu 76pc das 97,3 milhões de toneladas (t) que o Brasil exportou em 2024.