Geada e seca elevam quebra de safra para 15pc

  • Spanish Market: Agriculture, Biofuels
  • 16/07/21

Os efeitos da geada que atingiu a safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul vão se somar aos da pior seca em décadas e podem resultar em uma quebra de safra de 15pc, segundo Denis Arroyo, diretor executivo da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana). Em entrevista à Argus, Arroyo falou sobre como isso afeta o planejamento das usinas e o receio dos produtores de que parte dos efeitos se estenda também para a próxima safra. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Já é possível medir o tamanho do impacto na safra de cana-de-açúcar da geada de dois dias que atingiu o Centro-Sul na virada de junho para julho?

É preciso esperar sempre de 10 a 15 dias para ver o efeito que a geada pode ter trazido. As canas que são mais novas são as que preocupam, porque pode haver a morte da planta. O que podemos dizer agora é que a geada piorou uma situação que já era ruim, por conta da seca. Foi uma geada média em intensidade, mas muito abrangente: atingiu do Paraná até Goiás. O Centro-Oeste recebeu um impacto maior do que São Paulo.

O planejamento de safra de uma companhia agrícola é feito em cima da previsão da maturação da cana e do seu plantio. Quando há uma geada, você tem de colher a cana afetada, porque ela pode apodrecer. Isso bagunça todo o planejamento. Aquilo vira emergência e é preciso colher uma cana que talvez nem esteja no ponto ideal de maturação. Você passa a colher cana com menos ATR [Açúcar Total Recuperável, que representa a qualidade da cana] do que tinha expectativa.

O sr. mencionou que o que mais preocupa são as canas mais jovens. Já é possível dizer o que foi afetado?

Sim, mas difere muito por região. Em São Paulo, foi bem generalizado. No Centro-Oeste, bastante cana jovem foi afetada, o que pode significar que ela vai ser cortada para ser brotada de novo. Com isso, perde-se os dois ou três meses que ela já tinha de desenvolvimento. Começa-se a pensar que, no ano que vem, a safra mais uma vez não começará cedo.

Isso significa que esta geada também afetou a próxima safra?

Significa que começa a dar sinais de preocupação um pouco com a safra seguinte. Mas precisamos de mais tempo para saber com certeza.

Há quanto tempo a safra de cana não é afetada por uma geada dessas?

Desde 2017. Mas uma seca como esta, em mais de 90 anos de acompanhamento, nunca vimos algo assim. Por isso que falei que a geada trouxe uma piora. Havia previsão de uma quebra de 10pc a 12pc, que agora vai a 15pc por causa da geada. Outra coisa a ficar atento é o fim de safra, que deve terminar mais cedo. Em algumas regiões já há uma preocupação se a safra não vai acabar na primeira metade de outubro.

Olhe a pressão do lado da usina: boa parte do açúcar já está comercializada; do lado governamental, há a preocupação em não faltar etanol e causar mudança na mistura, que é tudo o que não queremos; e você tem, nas que cogeram, uma necessidade de biomassa, porque o preço da energia vai explodir; e há contratos vigentes de energia elétrica que precisam ser cumpridos.

Quando a indústria de etanol deve começar a sentir os feitos da geada e qual deve ser a consequência para o preço do etanol?

A geada diminui a pureza da cana, o que afeta mais o açúcar. Parte da quebra da safra já está precificada, como expectativa, no etanol. A geada tende a impactar ainda mais, mas sabemos que a cotação do etanol depende muito do que vem do petróleo. Não sei se há espaço para esse repasse, pois o etanol está batendo no seus limites de teto. Se subir mais, derruba o consumo, o que reajustaria o preço. Pela pressão de matéria-prima, deveria subir, mas a concorrência com a gasolina ajuda a limitar. Não é que eu ache que vá baixar, mas que vá continuar no nível em que está.


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18/04/24

Amapá cancela regime especial de ICMS

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Rio de Janeiro, 18 April (Argus) — O Secretário da Fazenda (Sefaz) do Amapá (AP) cancelou ontem o regime especial de tributação de empresas importadoras de combustíveis, colocando um fim a uma situação que gerava distorções de preços no mercado de diesel . A decisão do órgão foi publicada no diário oficial desta quarta-feira, dia 17, e contempla os regimes especiais do tributo estadual ICMS de oito empresas, entre elas a Refinaria de Manguinhos, que pertence ao grupo Fit, Amapetro, Axa Oil, Alba Trading e Father Trading. No caso da Amapetro, a empresa pagava uma alíquota efetiva de 4pc do valor da importação nas compras de outros países para uso próprio para consumo dentro do estado. Considerando a média do indicador Argus de importação de diesel de origem russa ao longo de março, isso equivaleria a R$136,9/m³.O valor atual do ICMS nos outros estados brasileiros é de R$1.063/m³ desde 1 de fevereiro. O estado teria importado 197.244m³ de diesel em março, de acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Isso equivale a 15,9pc do total de diesel importado pelo Brasil no mês. O consumo de diesel A do estado foi de 6.250m³ no mês passado, equivalente a 0,1pc do consumo nacional, de acordo com os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). As autorizações do estado criavam distorções de preços no mercado e perdas de arrecadação fiscal em várias estados onde o produto acabava sendo consumido. Associações de produtores e distribuidores de diesel vinham pressionando o poder público nos últimos meses para derrubar esses regimes especiais. De acordo com o Instituto Combustível Legal, a medida causou um prejuízo de R$1 bilhão aos estados onde o combustível importado no âmbito do regime especial era efetivamente consumido, citando os estados de São Paulo, Paraná e Pernambuco como principais destinos. No início do mês, a Refina Brasil, que reúne as refinarias de petróleo independentes do país, estimou que o contribuinte amapaense pagava um valor próximo a R$0,83/l em subsídios para importadores. Por Amance Boutin Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.

Conab: Safra de cana-de-açúcar bate recorde


18/04/24
18/04/24

Conab: Safra de cana-de-açúcar bate recorde

Sao Paulo, 18 April (Argus) — A moagem de cana-de-açúcar da safra 2023-24 foi a maior da história do país, em meio a condições climáticas favoráveis e investimentos no setor, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O processamento total de matéria-prima da safra de 2023-24, entre abril de 2023 e o mesmo mês deste ano, totalizou 713,2 milhões de t, alta de 16pc em comparação a 610,8 milhões de t na temporada anterior. As áreas destinadas à atividade canavieira aumentaram 0,5pc, para 8,3 milhões de hectares (ha). A maior disponibilidade de matéria-prima estendeu as operações de moagem – que normalmente param em novembro – até dezembro em importantes estados produtores, como São Paulo. Produção de etanol Tanto a produção de etanol quanto a de açúcar cresceram, segundo a Conab. A produção total de etanol do Brasil – excluindo o biocombustível à base de milho – atingiu 29,6 milhões de m³, salto de 11pc na base anual. O etanol hidratado representou a maior parte do crescimento do processamento este ano, totalizando 17,6 milhões de m³, aumento de 16pc em relação ao ciclo anterior. A paridade favorável para o E100 frente à gasolina na bomba nos principais estados consumidores impulsionou a demanda pelo biocombustível na temporada. Já a produção de etanol anidro subiu 6,5pc, para 12 milhões de m³. O processamento de etanol à base de milho avançou 33pc, registrando 5,9 milhões de m³, com crescentes investimentos no setor tanto no Centro-Sul quanto em outras regiões. O anidro de milho subiu 45pc, para 2,2 milhões de m³. Para o hidratado, o resultado foi de 3,6 milhões de m³, alta anual de 26pc. O Brasil exportou 2,5 milhões de m³ de etanol na temporada de 2023-24, queda de 2,9pc em comparação à safra passada. Os Estados Unidos foram os maiores compradores do biocombustível, com 33pc dos embarques. Em seguida, a Coreia do Sul e o hub Amsterdã-Roterdã-Antuérpia (ARA) responderam por 17pc e 12pc, respectivamente. Já as importações de etanol caíram 43pc em comparação ao ano anterior, somando 215.000m³. Quase todo o produto chegou dos EUA e do Paraguai, que representaram 55,5pc e 44,3pc do volume total. Enquanto isso, a produção de açúcar aumentou 24pc, para 45,6 milhões de t, com usinas direcionando mais matéria-prima para o adoçante em meio a preços atrativos para a commodity no mercado internacional. O Brasil exportou 35,2 milhões de t de açúcar de abril a março, alta de 26pc no ano, em um cenário em que grandes exportadores, como Índia e Paquistão, diminuíram as entregas. China, Índia e Indonésia foram os maiores importadores do produto brasileiro. Por Laura Guedes Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.

TUI Cruises receives methanol-ready ship


18/04/24
18/04/24

TUI Cruises receives methanol-ready ship

New York, 18 April (Argus) — Cruise ship company TUI Cruises took delivery of a methanol-ready cruise ship which will start operations at the end of June. Methanol-ready vessels allow ship owners to easily retrofit their vessels to burning methanol in the future. The 7,900t deadweight Mein Schiff 7 will operate in the North Sea, the Baltic Sea, along the European Atlantic coast and in the Mediterranean and run on marine gasoil (MGO). It was built by Finland's Meyer Turku shipyard. In January, TUI Cruises signed a memorandum of understanding with trading company Mabanaft for future supply of green methanol. Mabanaft would cover TUI's methanol needs in northern Germany, and gradually add other European locations. Grey methanol was pegged at $717/t MGO equivalent and biomethanol at $2,279/t MGOe average from 1-18 April in Amsterdam-Rotterdam-Antwerp. About 0.9 times and 2.9 times, respectively, the price of MGO, Argus assessments showed. TUI Cruises is a joint venture between the German tourism company TUI AG and US-based cruise ship company Royal Caribbean. By Stefka Wechsler Send comments and request more information at feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . All rights reserved.

Canada furthers investment in GHG reductions


18/04/24
18/04/24

Canada furthers investment in GHG reductions

Houston, 18 April (Argus) — The Canadian government plans to have C$93bn ($67.5bn) in federal incentives up and running by the end of the year to spur developments in clean energy technology, hydrogen production, carbon capture utilization and storage (CCUS) along with a new tax credit for electric vehicle (EV) supply chains. The Canada Department of Finance, in its 2024 budget released on 16 April, said it expects to have the first planned investment tax credits (ITCs), for CCUS and renewable energy investments, in law before 1 June. The ITCs would be available for investments made generally within or before 2023 depending on the credit. The anticipated clean hydrogen ITC is also moving forward. It could provide 15-40pc of related eligible costs, with projects that produce the cleanest hydrogen set to receive the higher levels of support, along with other credits for equipment purchases and power-purchase agreements. The government is pursuing a new ITC for EV supply chains, meant to bolster in-country manufacturing and consumer adoption of EVs with a 10pc return on the cost of buildings used in vehicle assembly, battery production and related materials. The credit would build on the clean technology manufacturing ITC, which allows businesses to claim 30pc of the cost of new machinery and equipment. To bolster reductions in transportation-related greenhouse gas (GHG) emissions, the government will also direct up to C$500mn ($363mn) in funding from the country's low-carbon fuel standard to support domestic biofuel production . Transportation is the second largest source of GHG emissions for the country, at 28pc, or 188mn metric tonnes of CO2 equivalent, in 2021. But the province of Alberta expressed disappointment at the pace of development of ITC support that could help companies affected by the country's move away from fossil fuels. "There was nothing around ammonia or hydrogen, and no updates on the CCUS ITCs that would actually spur on investment," Alberta finance minister Nate Horner said. The incentives are intended to help Canada achieve a 40-45pc reduction in GHG emissions by 2030, relative to 2005 levels. This would require a reduction in GHG emissions to about 439mn t/yr, while Canada's emissions totaled 670mn in 2021, according to the government's most recent inventory. The budget also details additional plans for the Canada Growth Fund's carbon contracts for a difference, which help decarbonize hard-to-abate industries. The government plans to add off-the-shelf contracts to its current offering of bespoke one-off contracts tailored to a specific enterprise to broaden the reach and GHG reductions of the program. These contracts incentivize businesses to invest in emissions reducing program or technology, such as CCUS, through the government providing a financial backstop to a project developer. The government and developer establish a "strike price" that carbon allowances would need to reach for a return on the investment, with the government paying the difference if the market price fails to increase. CGF signed its first contract under this program last year , with Calgary-based carbon capture and sequestration company Entropy and has around $6bn remaining to issue agreements. To stretch this funding further, the Canadian government intends for Environment and Climate Change Canada to work with provincial and territorial carbon markets to improve performance and potentially send stronger price signals to spur decarbonization. By Denise Cathey Send comments and request more information at feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . All rights reserved.

Korea’s Hyundai starts operations at biodiesel plant


18/04/24
18/04/24

Korea’s Hyundai starts operations at biodiesel plant

Singapore, 18 April (Argus) — South Korean refiner Hyundai Oilbank has started commercial operations at its 130,000 t/yr biodiesel plant at Daesan as of 17 April, according to a source from the company. The plant is currently being fed with palm oil fatty acid distillates (Pfad). Most of the produced biodiesel will likely be kept to meet domestic demand, said other South Korea-based market sources. Hyundai had been trialing feedstocks at the plant since last December, which include Pfad, used cooking oil (UCO) and soybean oil. It previously entered an agreement with food manufacturer Lotte Confectionery in 2022, which involved Lotte supplying UCO as feedstock to the plant. The refiner said earlier this year that it is also considering co-processing biofuels at its 520,000 b/d Daesan refinery. It has plans for another 500,000 t/yr plant that can produce renewable diesel, sustainable aviation fuel and bio-naphtha, initially scheduled to come on line in the middle of the decade. But a final investment decision has yet to be reached for this plant. By Sarah Giam Send comments and request more information at feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . All rights reserved.

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