As relações para a safra brasileira de soja estão no menor nível em três anos e os produtores de grãos estão aproveitando a oportunidade para antecipar a compra de fertilizantes.
As relações de troca – equivalente a um saco de 60 kg de soja em comparação com uma tonelada (t) de PK/NPKs - em Rondonópolis e Sorriso, em Mato Grosso, caiu para menos de 17 sc/t em dezembro. O nível mais baixo desde 2016, quando os fosfatados estavam no menor patamar em cinco anos e os preços da soja estavam em alta.
As taxas atuais de troca refletem a mesma situação de três anos atrás: excesso de oferta e baixa demanda. Nas últimas semanas, os preços dos fertilizantes começaram a reagir, mas ainda é um bom momento para os agricultores adquirirem os insumos essenciais para suas culturas.
Os preços dos fosfatados (MAP 11-52) subiram de $278 em média em dezembro, para $303/t cfr Brasil na semana passada. Ainda assim, a faixa permanece $130/t abaixo do valor negociado há um ano e está perto das mínimas históricas.
O índice Argus mais recente de relação de troca de soja indica 17,4 sc/t, 27pc abaixo do ano anterior, quando estava em 24 sc/t.
As compras de fertilizantes para a safra 2020-21 começaram no início deste ano em Mato Grosso, o principal estado produtor de grãos do Brasil, com os agricultores aproveitando as taxas de troca favoráveis. Os custos variáveis de produção para a próxima safra de soja no Mato Grosso são estimados em cerca de 2pc a menos que os custos da safra 2019-20 devido a uma maior oferta de fosfatado no mercado, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola de Mato Grosso (Imea).
Esse cenário permitiu que os agricultores começassem a garantir os fertilizantes mais cedo do que nos anos anteriores.
Segundo um participante do mercado, as taxas de troca para a safra de soja podem cair ainda mais porque não há razão para os preços do MAP continuarem subindo. O argumento usado para justificar mais quedas no MAP é que a maior parte do produto importado está armazenada em produtores que desejam evitar vender a preços baixos. Em 2019, as importações brasileiras de fertilizantes MAP aumentaram 17pc para quase 3,9 milhões de t em relação ao ano anterior, mostram os dados compilados pelo Global Trade Tracker (GTT), enquanto estima-se que o consumo total de fertilizantes no Brasil tenha aumentado apenas 2pc. Ainda assim, a demanda pelo produto fosfatado ainda é relativamente baixa.
Enquanto isso, os preços das safras de curto prazo podem ser influenciados pelo clima na América do Sul no lado da oferta e pelo resultado da disputa comercial entre os EUA e a China no lado da demanda.
No início deste mês, os EUA e a China assinaram a primeira fase do acordo comercial. Nesta fase inicial, o acordo tem um impacto limitado na produção de soja. Mas isso pode mudar nas fases subsequentes do acordo que ainda está sendo discutido.
A primeira fase do acordo não atendeu às expectativas do mercado agrícola e os preços na bolsa de Chicago (CBOT) caíram nos últimos dias. A valorização do dólar em relação ao real ajuda a compensar as perdas da soja em Chicago e mantém as taxas de troca em níveis baixos.
Por Kauanna Navarro

