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América do Sul eleva prejuízos com soja

  • : Agriculture, Biofuels, Oil products
  • 22/02/17

A seca severa na América do Sul deverá causar perdas financeiras relevantes aos produtores e exportadores do complexo de soja na região onde estão localizados os maiores produtores da oleaginosa no mundo.

Os prejuízos devem totalizar R$63,64 bilhões ($12,34 bilhões) na região Sul do Brasil e podem alcançar $3 bilhões na Argentina durante a safra 2021-22, segundo associações do setor. As cotações da soja e do óleo vegetal subiram diante da estiagem, o que dificulta a logística dos produtos no rio Paraná e seus afluentes.

A bacia do rio Paraná atingiu seu nível mais baixo em quase 80 anos e registrou a menor precipitação desde outubro de 2019. Segundo maior rio da América do Sul, depois do Amazonas, o curso do Paraná passa pelo Brasil, Paraguai e Argentina. O rio também abastece a hidrelétrica Itaipu Binacional, a segunda maior geradora de energia do mundo.

Na semana passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) cortou ainda mais a estimativa de produção de soja em 2021-22, para 125,5 milhões de t, ante 140,7 milhões de t em relação à previsão de outubro. O cenário reflete as condições climáticas desfavoráveis nas áreas produtoras. No início de fevereiro, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires também reduziu, para 42 milhões de t, a previsão para a soja argentina devido ao tempo seco e à redução da área cultivada nesta safra.

No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral-PR) estima queda de 39pc na produção da oleaginosa, com perda equivalente a R$7,5 bilhões. No Rio Grande do Sul, a Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro-RS) espera recuo de 48,7pc na safra e perdas financeiras de R$36,14 bilhões.

Já os produtores argentinos esperam perdas aproximadas de $3 bilhões devido à redução da atividade no complexo industrial da soja, que deve cercear os embarques de óleo e farelo de soja, de acordo com a Bolsa de Comércio de Rosário (BCR). As despesas com logística também podem aumentar este ano, com os custos para enviar cargas da região de Rosário até a Ásia chegando a $72/t.

Em janeiro de 2022, cerca de 160 embarcações carregadas de óleos vegetais, grãos e farinhas passaram pelos portos da Argentina, um número menor se comparado com os 170 navios de igual período do ano passado. A média do volume transportado pelos navios diminuiu em 29.084t ou 11pc abaixo da média de janeiro de 2021. A Argentina é a maior exportadora de óleo de soja do mundo.

O volume médio carregado por navio em fevereiro pode cair em até 28.000t, segundo as estimativas preliminares da BCR.

"Os navios têm reduzido seus carregamentos se comparado aos meses anteriores. As perdas do agronegócio em 2021 totalizaram $315 milhões", disse Alfredo Sesé, secretário técnico de transporte e infraestrutura da BCR, à Argus. A situação piorou em janeiro na comparação com dezembro.

Muitos navios ainda estão sendo carregados nos portos argentinos de Bahía Blanca e Quequén ou até seguem para os portos brasileiros de Paranaguá e Rio Grande para completarem suas cargas antes de seguirem com destino aos mercados asiáticos.

A seca já está reflete nos preços de óleo de soja desde o começo de janeiro. Os preços para o óleo vegetal brasileiro no mercado à vista subiram de $1.332,50/t no início de janeiro e atingiram $1.479,50/t fob na base do Paranaguá em 11 de fevereiro, o maior nível em quase oito anos. Na Argentina, a cotação do óleo aumentou $228,20/t desde 30 de dezembro e atingiu $1.540,60/t fob Rosário em 15 de fevereiro.

Os prêmios no paper market de soja em Paranaguá mantiveram, até então, uma tendência acima durante o ano, e mais que dobraram em relação à Bolsa de Chicago (CBOT), para 64¢/ bushel no contrato futuro de março em 18 de janeiro para um prêmio de 140¢/bushel sobre a CBOT para o mesmo mês em 4 de fevereiro, seguindo os cortes contínuos na produção de soja do Cone Sul. Os prêmios começaram a cair na semana passada com a redução da demanda chinesa, com os altos prêmios nos portos do Brasil fazendo com que importadores se voltassem aos EUA, onde os preços estão mais competitivos, reduzindo a diferença sobre a CBOT para 122,5¢/bushel em 15 de fevereiro, quase dobrando em relação ao início do ano.

Previsão do tempo

Os efeitos do La Niña estão enfraquecendo, mas devem persistir até o meio de abril, com chuvas abaixo do necessário para o bom desenvolvimento dos grãos no Brasil e na Argentina em fevereiro e chuvas irregulares em março, de acordo com o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos,

Fevereiro é um mês crucial para a soja, e chuvas irregulares ou falta de chuvas podem piorar as condições da safra na Argentina.

A recente distribuição de chuvas tem sido desigual entre as principais áreas produtoras. Algumas lavouras nas estão enfrentando chuvas fortes que suspendem o trabalho no campo, enquanto outras são atingidas ppela seca, que reduz a produtividade.

Os níveis de água no rio Paraná, um importante corredor de escoamento de mercadorias entre Paraguai, Argentina e Brasil, devem continuar abaixo do normal, com apenas mudanças marginais em seu volume. Seria necessária uma grande quantidade de chuvas para trazer as águas do rio de volta ao seu nível normal, disse Santos.

Por Alexandre Melo e Gisele Augusto


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