Corrige a redação de "ácidos graxos" para "outros materiais graxos" no 4º parágrafo.
A compra pela Minerva de 16 plantas de abate e um centro de distribuição da Marfrig na América do Sul por R$7,5 bilhões pode impulsionar as exportações de sebo do Brasil, avaliam fontes de mercado.
O negócio consolida a posição de liderança da Minerva no mercado de carne bovina latino-americano e está alinhado à estratégia da companhia de aumentar a capacidade de exportação nos países onde já atua. A transação envolve 11 fábricas no Brasil, três no Uruguai, uma na Argentina e outra no Chile.
A Marfrig é uma importante fornecedora de gordura animal no país. A Minerva já exporta sebo para os Estados Unidos a partir do porto de Santos e poderá usar parte deste insumo das unidades recém-adquiridas abastecer o mercado interno, além de embarcar o restante para outros países, afirmam participantes de mercado.
Após a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Minerva poderá adicionar três frigoríficos no Rio Grande do Sul à sua operação. O sebo foi o terceiro insumo mais utilizado para produzir biodiesel no estado em 2022, com participação de 10pc, atrás do óleo de soja (71pc) e de outros materiais graxos (15pc), segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A Minerva poderá arbitrar essa matéria-prima entre o fornecimento no mercado local e a exportação, disseram fontes. A empresa também utiliza a gordura animal na fábrica de biodiesel localizada em Palmeiras de Goiás (GO), com capacidade de produzir 73.000m³/ano. Já a Marfrig não possui uma usina de biocombustíveis.
Além de aumentar sua exposição no ciclo de carne bovina do Brasil, a Minerva tem um foco em matérias-primas de baixo carbono usadas para produzir biocombustíveis. Neste contexto, a Minerva tem como subsidiária uma trading chamada MyCarbon, que desenvolve projetos e negocia créditos de carbono.
A transação "levará a Minerva ao segundo lugar em abate de gado no Brasil, atrás apenas da JBS", segundo avaliação dos analistas da corretora XP, Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.
Após o acordo, a capacidade de abate de gado da Minerva aumentará em 44pc, para quase 42.440 cabeças/dia em sete países. Só no Brasil, serão 21 plantas, com capacidade total de abate superior a 22.330 cabeças/dia, um incremento de 83pc.
Os frigoríficos têm como coproduto o sebo bovino, utilizado pelas indústrias de higiene e limpeza, ração animal e biocombustíveis como biodiesel, óleo vegetal hidratado (HVO, na sigla em inglês, também conhecido como diesel verde) e combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês).
Acordo
O pagamento da transação será feito em dinheiro, segundo as empresas.
A Minerva já pagou R$1,5 bilhão. Os R$6 bilhões restantes serão desembolsados na conclusão do negócio, após autorização de agências reguladoras, o que pode levar de seis a 12 meses.
O acordo está alinhado com a estratégia da Marfrig de maior foco em produtos de valor agregado. A companhia manterá operações de processados como hambúrgueres no Brasil, Argentina e Uruguai, sustentando uma robusta operação de produtos de valor agregado na América do Sul.

