The US refining industry is being strongly affected by the drop in motor fuels consumption resulting from the pandemic. How does this impact trading flows and prices of imported products by Latin America?
In the first episode of the Market Talks series, Vanessa Viola, SVP Latin America, and Clayton Melo, Brazil Country Manager, discuss the effects of the pandemia on the US refining market and how it impacts export prices to Latin America.
(Webcast is in Portuguese.)
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Argus US Products
Argus Brasil Combustíveis
Argus Mexico Fuel Markets
Transcript
Clayton: Olá e bem-vindos ao ‘Falando de Mercado’ – uma série de webcasts trazidos semanalmente pela Argus sobre os principais acontecimentos impactando os setores de commodities e energia no Brasil e no mundo. Meu nome é Clayton Melo e eu sou o diretor da Argus no Brasil. E nós vamos estreiar o ‘Falando de Mercado’ com Vanessa Viola, vice-presidente da Argus para a América Latina. Bem-vinda, Vanessa.
Vanessa: Obrigada, Clayton.
Clayton: Vanessa, você está baseada em Houston, Texas, o centro da indústria americana de petróleo, e está acompanhando em primeira mão os impactos do coronavírus no setor de refino dos Estados Unidos. Qual o tamanho da queda na demanda de combustíveis no mercado americano e como as refinarias estão lidando com isso?
Vanessa: Clayton, o consumo de diesel nos Estados Unidos caiu apenas 8% até agora porque o plantio agrícola, a movimentação de bens pelo país e as compras online estão, de uma certa forma, sustentando a demanda por esse tipo de combustível. Já o consumo de gasolina atingiu a marca de 6.7mn b/d no final de março, o nível mais baixo em 26 anos, por conta da expansão de restrições de movimentação de pessoas em praticamente todo o país. Esse é um evento histórico, com uma magnitude histórica no setor de refino. Como a gente pode ver neste gráfico, o volume de processamento de petróleo nas refinarias americanas caiu quase 4mn b/d do pico registrado em dezembro, uma queda de 20%, lembrando que o setor de refino americano tem capacidade para processar 18.5mn b/d. Mas a gente tem ouvido uma queda acima de 50% e 60% em certos mercados, em certas refinarias. Ou seja, o impacto tem sido diferente dependendo da localidade e do tipo de configuração de cada refinaria.
E essa queda do nível de processamento de petróleo obviamente impacta o nível de utilização das refinarias, que caiu pra abaixo dos 75%, muito abaixo de qualquer referência histórica, como a gente pode ver neste gráfico. A gente está abaixo inclusive da média dos últimos 5 anos, que geralmente inclui eventos como furacões, que têm um impacto muito contundente mas onde geralmente a recuperação da demanda é rápida. O que a gente está vendo agora é totalmente diferente e vai ter efeitos duradouros.
Clayton: E qual o impacto disso tudo nos preços dos combustíveis?
Vanessa: No caso da gasolina, a queda foi muito forte como a gente pode ver na linha vermelha neste gráfico, os preços de gasolina no Golfo Americano em relação ao LLS (Light Louisianna Sweet). Essa linha representa o que a gente tipicamente chama de margem de gasolina ou gasoline crack spread, que nada mais é do que o valor de um produto em relação ao custo da matéria-prima usada para produzir esse produto. E se você não pode vender um produto por um valor acima do custo da matéria-prima não tem sentido produzir esse produto. Ou seja, o sinal aqui seria para que as refinarias parem de produzir gasolina. Mas a coisa não é tão simples assim porque as refinarias têm compromissos, têm cargas de petróleo previamente compradas, compromissos com o resto da cadeia de suprimentos que não dá pra mudar da um dia para outro e por isso algumas refinarias continuam produzindo gasolina, apesar do prejuízo, até esses compromissos serem cumpridos, renegociados ou estabilizados. No caso do diesel, a história é diferente, o preço do diesel em relação ao LLS subiu porque a economia americana continua de uma certa forma se movendo.
Clayton: E essa queda de demanda e, consequentemente, de preços seria boa notícia para uma região como a América Latina, que depende de importações para cobrir sua demanda regional e que está muito bem posicionada para absorver pelo menos uma boa parte do volume que o mercado americano não pode consumir neste momento?
Vanessa: Sim, e o que a gente viu foi justamente um aumento das exportações de derivados de petróleo no Golfo Americano entre o final de janeiro e a semana passada, especialmente no caso do diesel, representado pela barra cinza neste gráfico. A América Latina está há 2-4 semanas atrás dos EUA em termos de impacto do coronavírus e importadores aproveitaram a queda da demanda e dos preços no mercado americano para importar mais volume. A demanda de combustíveis na América Latina, especialmente de gasolina, caiu entre 20% e 70%, dependendo do mercado, mas apesar desta queda o fluxo de imprtação do Golfo Americano seguiu porque vários importadores decidiram estocar produto. Mas a expectativa é que, nas próximas semanas, esse cenário mude: as exportações americanas devem cair por conta da queda do nível de utilização das refinarias e a demanda por produto importado pela América Latina também deve cair, impactada pela ampla contração no consumo e tanques cheios.
Clayton: E por que existe uma diferença tão grande na queda de demanda por gasolina na América Latina – você mencionou uma faixa bastante ampla, de 20% a 70%?
Vanessa: A explicação pra essa diferença é o nível de restrições para combater o coronavírus que cada país da região vem impondo. Países como Argentina e Colômbia, por exemplo, que impuseram restrições bastante estritas e logo no início da pandemia, tiveram uma queda de 70% no consumo da gasolina. A Argentina chegou até mesmo a exportar gasolina porque a queda foi de fato bem abrupta. Já no caso do México, que tem inclusive sido muito criticado pela morosidade na imposição de restrições, a queda da demanda foi de 20%. E no caso do diesel, a gente vê uma repetição do padrão visto aqui nos EUA – o consumo de diesel na América Latina caiu, mas não tão fortemente como o consumo de gasolina, e o principal fator de suporte aos preços do diesel tem sido a movimentação de bens e o setor agrícola.
Clayton: Muito obrigado, Vanessa. Se você quiser saber mais sobre os impactos da pandemia no mercado global de commodities, acesse o nosso microsite dedicado ao assunto em www.argusmedia.com/coronavirus. Voltaremos em breve com mais uma edição do Falando de Mercado. Até logo!