O oleoduto norte-americano Colonial Pipeline começou hoje a reiniciar as operações nos 8,8 mil km de transporte de combustíveis, mas ainda não é possível retomar o fluxo nas principais linhas da costa do Golfo Americano até Nova York, após o ataque cibernético.
De acordo com a operadora, foram restabelecidas algumas das 65 linhas laterais desde a semana passada, entre terminais e pontos de entrega. O processo para retomada completa está em curso. Os oleodutos maiores, que vão de Houston (Texas) até Linden (New Jersey) e alimentam boa parte da demanda por diesel, gasolina e querosene de aviação na costa leste, seguem inoperantes.
A companhia está trabalhando em um plano para retomar completamente o sistema, o que deve acontecer "somente quando for seguro, com o total cumprimento das regras e com aprovação de todos os reguladores federais".
No dia 7 de maio, o Colonial informou a agentes de embarcações que estava com problemas no sistema, mas depois avisou que se tratava de um ataque cibernético. Para conter o problema, a operadora interrompeu o funcionamento de alguns sistemas, o que suspendeu as atividades do oleoduto.
Segundo a operadora, uma equipe de segurança cibernética terceirizada está investigando a origem e a extensão do ataque, além de estarem cooperando com as autoridades.
Nova York com oferta limitada
Mesmo antes do ataque ao Colonial, o suprimento de gasolina estava limitado em Nova York, em parte porque os embarques a partir do Golfo Americano estavam lentos. Enquanto a arbitragem entre as duas regiões estava aberta no mercado de papel, a maioria dos embarques no oleoduto estava sendo direcionada para os terminais da parte sul.
Os preços de gasolina dos contratos de RBOB New York Harbor subiram na semana passada ao maior nível em dois anos, para $2,15/USG, em meio a uma parada na refinaria de Bayway, da Phillips 66, com capacidade de 250.000 b/d, localizada em Linden. A unidade pode voltar a operar nesta semana, segundo uma fonte.
Qualquer interrupção na costa leste pode ter ajuda de embarcações de gasolina originadas na Europa, que atingiram em abril o maior nível desde o verão de 2019. Esses carregamentos devem chegar ao porto de New York na primeira quinzena de maio.
A arbitragem do diesel para o New York Harbor estava fechada na semana passada, enquanto para o querosene de aviação estava com uma leve abertura.
A expectativa é de que a interrupção no Colonial não tenha um grande impacto no fluxo para o interior do país, porque um dos dois principais oleodutos que parte da costa do Golfo Americano para a região está com a capacidade lotada até o fim de maio.
O produto preso no Golfo terá de ser estocado na região ou exportado.
Esforços práticos
O presidente Joe Biden foi informado sobre o ataque, disse a secretária do comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo. A equipe do presidente está trabalhando com a operadora e com autoridades locais para evitar problemas de abastecimento, além de garantir que as atividades sejam retomadas o mais rápido possível, disse Raimondo.
O Departamento de Transportes declarou situação de emergência no domingo e suspendeu algumas regras de distribuição, incluindo o número de horas que motoristas podem trabalhar para entrega de combustíveis, para evitar possíveis problemas de abastecimento.
"Infelizmente, esse tipo de ataque está se tornando mais frequente. Temos de trabalhar em parceria com as empresas para garantir a segurança das redes e nos defender contra esses ataques", disse Raimondo.
