Os portos brasileiros localizados nas regiões Norte e Nordeste estão aumentando sua participação nas exportações de milho do país, com a maior produção no estado de Mato Grosso e o aumento da demanda do Egito e de países da América Latina.
A maior parte das exportações de milho ainda está concentrada no porto de Santos, o maior do país. Mas a participação da rota Santos-Tubarão diminuiu em 2021. De janeiro a novembro, a soma dos volumes de milho embarcados em Santos, no estado de São Paulo e no porto de Tubarão, no Espírito Santo, foi de 7,4 milhões de t. No mesmo período de 2020 esse total foi de 13,6 milhões de t, de acordo com dados da agência marítima Cargonave. Os dois portos que, anteriormente, representavam 45,9pc de todo o milho exportado pelo Brasil responderam por 42,7pc entre janeiro e novembro de 2021.
A mudança está relacionada ao crescimento das exportações de milho pelos portos do Arco Norte. Os portos de Itaqui, no Maranhão, Barcarena e Santarém, no Pará, e Itacoatiara, no Amazonas, exportaram 8,4 milhões de t de milho de janeiro a novembro, contabilizando juntos 48,5pc do total embarcado pelo país. Em 2020, os quatro portos representaram 40,7pc dos embarques.
Parte desse cenário também é explicado pela queda geral nas exportações de milho do Brasil em 2021. De janeiro a novembro, 17,3 milhões de tos foram exportadas, enquanto no mesmo período do ano anterior o volume atingiu 29,6 milhões de t. Isso foi causado pela queda na produção de milho do Paraná e Mato Grosso do Sul, estados fortemente afetados por secas e geadas, que reduziram a produtividade das lavouras.
Mesmo em Mato Grosso, maior estado produtor de milho do país, que registrou clima mais favorável durante a safra de inverno, as exportações de milho caíram para 12,4 milhões de t, ante 18,3 milhões t no mesmo período de 2020. Porém, mais uma vez, o Mato Grosso foi responsável pelo maior volume de milho disponível para exportação. E os portos localizados na porção norte do Brasil oferecem uma logística melhor e mais competitiva para a exportação do grão produzido no estado, outro motivo do aumento dos embarques dessa região.
A escolha do porto também está relacionada ao país de destino. O Irã continua sendo o maior importador do milho brasileiro, destino de 17pc do total exportado pelo Brasil. A maior parte das exportações de milho para o Irã é feita pelo porto de Santos ou pelos portos da região Sul.
O Egito passou do terceiro para o segundo maior importador de milho brasileiro entre 2020 e 2021, com 13pc das compras. Esse é o melhor exemplo de mercado que prefere adquirir o produto por meio dos portos de Itaqui e Santarém, que permitem rotas mais curtas e custos mais baixos. O Egito aumentou muito as importações brasileiras de milho no final de 2021 e foi essencial para que o país fechasse o ano com cerca de 20 milhões de t exportadas, disse André Jacomini, da Agrinvest Commodities, à Argus.
Países latino-americanos como México, República Dominicana e Colômbia também usam os portos do Norte. Este último foi o destino de 4,2pc das exportações brasileiras de milho entre os meses de janeiro e novembro de 2021, ante 0,97pc no mesmo período de 2020.
