A montadora chinesa BYD está caminhando para se tornar a principal fornecedora de veículos elétricos do Brasil, afirmou a empresa em um evento de lançamento hoje.
A companhia anunciou o início das vendas no país de uma versão compacta do seu modelo elétrico Dolphin, o Dolphin Mini – também comercializado na China.
Recentemente, a montadora se uniu à Raízen Power – braço de energia elétrica da sucroalcooleira Raízen – para construir centros de carregamento de veículos elétricos em todo o país.
"Quando você olha para uma empresa tão grande como a Raízen ingressando na infraestrutura de veículos elétricos, é uma resposta forte para as pessoas que têm dúvidas sobre o crescimento desse mercado", disse Alexandre Baldy, conselheiro especial da empresa e ex-ministro das Cidades do governo Temer, à Argus nos bastidores do evento.
A Raízen Power aumentará seus pontos de carregamento dos atuais 250 para mais de 1.000 até o final do ano, informou a empresa.
"Hoje já estamos presentes em 19 estados com energia solar para consumidores de pequeno porte", disse o CEO da Raízen Power, Frederico Saliba, à Argus.
O anúncio da BYD ocorre na esteira de investimentos da montadora na instalação de um complexo industrial em Camaçari, na Bahia.
A fábrica terá capacidade para produzir 150.000 carros/ano em sua fase inicial. A empresa também planeja exportar parte deste total para a América Latina. A construção começará nos próximos dias e a produção deve ter início em dezembro, explicou Baldy.
Ainda não está claro como a BYD suprirá suas necessidades de metais para a fabricação de veículos elétricos no Nordeste. "Temos fornecedores locais e regionais, mas só poderemos avaliar isso no momento da aquisição", disse Baldy.
Em meio a esforços para acelerar a transição energética nacional, a BYD também reforçou a importância do modelo híbrido plug-in no país, considerando a grande disponibilidade de biocombustíveis como o etanol.
Nos últimos meses, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou programas para descarbonizar a frota utilizando biocombustíveis como principal rota – como o Mover e o Combustível do Futuro. "[Nossas estratégias] estão convergindo com a política nacional", pontuou Baldy.
Os biocombustíveis e as baterias podem coexistir na agenda de descarbonização do país, afirmou Saliba.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta que as vendas de veículos elétricos movidos a bateria cresçam para 24.100 unidades em 2024, ante 15.200 no ano passado. A entidade prevê a alta mesmo considerando a volta da tarifa de importação em janeiro.
Enquanto isso, as vendas de híbridos devem subir para 117.900 unidades este ano, em relação a 73.600 em 2023.
A BYD espera vender 25.000 unidades do Dolphin Mini no Brasil em 2024. Cerca de 7.000 já foram comercializadas desde a pré-venda até hoje.
A montadora não divulgou previsão de vendas totais para o ano.
Por Laura Guedes

