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Aumento da área de soja no Brasil é o menor em 18 anos

  • Market: Agriculture
  • 22/08/25

A área plantada de soja no Brasil na safra 2025-26 pode ter o menor crescimento percentual desde a safra 2007-08, devido às margens mais apertadas dos produtores, mas ainda mantém uma tendência de crescimento de duas décadas.

Os agricultores devem plantar 48,5 milhões de hectares (ha) de soja no próximo ciclo, com base na média das estimativas de participantes do mercado. Isso representaria um aumento de 1,8pc em relação à área plantada na safra 2024-25, em comparação com um crescimento médio de 4,8pc desde 2007-08. A área plantada cresceu 3,2pc na safra atual em relação ao ciclo 2023-24, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O Brasil vem expandindo a área plantada de soja — sua maior cultura agrícola — a cada ano desde o ciclo 2007-08, quando semeou 21,3 milhões de ha. Desde então, a área plantada mais que dobrou. Em números absolutos, a área da safra 2025-26 crescerá em 871.800ha, o menor valor desde a safra 2018-19, que aumentou em 724.800ha. As expansões estão desacelerando e o crescimento tem se tornado progressivamente mais lento nos últimos dois anos.

Os preços internacionais caíram acentuadamente desde 2023 devido a um excesso de oferta global de soja. O contrato futuro para o mês mais próximo na Bolsa de Chicago (CBOT) atingiu 1.034,5 centavos de dólar por bushel (¢/bu) em 21 de agosto, queda de 33,6pc em relação ao pico registrado em junho de 2023.

Os custos de produção apresentaram tendência oposta, impulsionados pelos preços mais altos dos fertilizantes e pesticidas. Os investimentos nessas duas categorias de insumos devem aumentar 9,6pc e 4,3pc em relação à safra 2024-25, respectivamente, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). O Mato Grosso é o maior produtor de soja do Brasil.

Os fertilizantes fosfatados são o principal nutriente utilizado no cultivo da soja, mas a oferta tem sido restrita nos últimos anos. O Marrocos, grande fornecedor, mudou sua estratégia de produção para se tornar menos dependente do MAP, e a China — outro grande exportador — reduziu as exportações para atender à demanda interna.

A Rússia agora responde pela maior parte do fornecimento ao mercado brasileiro, aumentando os preços devido à falta de concorrência. As compras para a safra de soja, com plantio programado para começar em setembro, intensificaram-se entre maio e agosto. O preço do MAP 11-52 cfr Brasil atingiu $740-755/t em 21 de agosto, uma alta de mais de 40pc em dois anos.

Os fundamentos econômicos brasileiros também preocupam agricultores, que enfrentam dificuldades para obter acesso a linhas de crédito para financiar as safras. A taxa Selic atingiu 15pc em junho deste ano, o maior nível desde julho de 2006.

O número de agricultores que não cumpriram suas obrigações financeiras atingiu 7,9pc no primeiro trimestre de 2025, segundo a empresa de análise de risco Serasa Experia. Isso representa um aumento de quase um ponto percentual em relação ao ano anterior e ocorre após um ciclo de safra abaixo do esperado em 2023-24, impulsionado pelo clima desfavorável na maior parte do país.

Uma safra recorde de soja no ciclo 2024-25, junto da forte demanda chinesa, que elevou os preços, conseguiram oferecer algum alívio para agricultores, mas não o suficiente para compensar o peso dos custos de produção mais altos, das altas taxas de juros e dos preços que ainda não retornaram aos mesmos níveis de dois anos atrás.

Espaço para crescimento

Porém, ainda há espaço para mais crescimento no futuro, apesar das condições que limitam os investimentos, de acordo com participantes do mercado.

O Brasil tinha aproximadamente 28 milhões de ha de pastagens degradadas com potencial para o cultivo de soja em 2024, mostram dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Pastagens degradadas são aquelas onde a ação humana ou processos naturais alteraram as características originais além do ponto de recuperação natural, exigindo intervenção.

A Embrapa considera cerca de 17,5 milhões de ha das áreas de pastagem estão em condições intermediárias, apresentando potencial bom ou muito bom para práticas agrícolas. Os outros 10,5 milhões de ha de pastagens são considerados em condições severas de degradação. Entre os estados que apresentaram as maiores áreas estão o centro-oeste do Mato Grosso, com 5,1 milhões de ha; Goiás, com 4,7 milhões de ha; e Mato Grosso do Sul, com 4,3 milhões de hectares. O Centro-Oeste é o maior polo produtor de soja do Brasil.

No entanto, essas áreas precisam de investimentos privados e governamentais para cultivar soja com sucesso, disseram participantes de mercado. O Brasil precisaria investir R$482,6 bilhões para converter os 28 milhões de ha de pastagens degradadas em lavouras de soja, estima o banco de investimentos Itaú BBA. A previsão leva em consideração as aplicações de nutrientes necessárias para a recuperação dessas áreas.

A grande extensão territorial do Brasil permitiu a expansão da área plantada quando as condições ainda eram favoráveis à cultura. Os preços apresentaram tendência de alta durante a maior parte das últimas duas décadas, com a demanda chinesa mais forte e mais investimentos no setor de biocombustíveis.

A soja é a cultura mais importante do Brasil. O país tem fornecido aproximadamente 60pc ao ano do total importado pela China — o maior comprador mundial — desde 2020, segundo dados do Global Trade Tracker e da alfândega chinesa.

O Centro-Oeste tem registrado a maior participação em áreas destinadas à soja em números absolutos desde o ciclo 2007-08. A área plantada aumentou para 22 milhões de ha na safra 2024-25, ante 9,6 milhões de ha naquela época, mostram dados da Conab.

A área plantada na região Norte aumentou para 3,7 milhões de ha na safra 2024-25, ante 517.500ha na temporada 2007-08, representando o maior aumento percentual, apesar da menor área. O Nordeste teve o segundo maior crescimento, de 1,6 milhão de ha para 4,7 milhões de ha. Os estados dessas regiões pertencem à região do Matopiba, confluência dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Ainda assim, o crescimento exponencial da área plantada com soja no Brasil continua, em contraste com os investimentos limitados de outros grandes produtores. Os Estados Unidos e a Argentina reduziram a área plantada de soja desde os picos das safras 2017-18 e 2015-16, de 36,2 milhões de ha e 19,4 milhões de ha, respectivamente.


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