O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu as eleições presidenciais do Brasil, derrotando Jair Bolsonaro com 50,83pc dos votos válidos no segundo turno, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Líderes mundiais correram para parabenizar Lula, que foi presidente do Brasil entre 2003-2010, por sua vitória. Bolsonaro, o atual presidente, ainda não admitiu a derrota, levantando temores de instabilidade.
Caminhoneiros que apoiam Bolsonaro fizeram pelo menos 70 bloqueios em estradas em 11 estados – Rio Grande no Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pará, Goiás –, além do Distrito Federal.
Alguns dos trechos mais críticos estão na rodovia Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, e quatro pontos na rodovia BR-163, importante rota de comércio agrícola, em Mato Grosso.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que está negociando pacificamente com os manifestantes.
Lula enfrentará oposição mais forte no Congresso do que em seus dois primeiros mandatos, após a recente eleição de uma série de aliados de Bolsonaro que têm agora o maior grupo parlamentar. O Congresso dominado pela direita poderia obrigar Lula a rumar para o centro.
As diretrizes do plano de governo de Lula na área de política energética acenam para uma matriz mais verde para o Brasil. Mas também prevê a expansão da capacidade de refino nacional, gerando dúvidas sobre os planos de redução de emissões da Petrobras.
Ele disse, anteriormente, que quer reformular o papel da Petrobras na transição energética do país, com um foco mais acentuado no investimento em energia renovável, o que colocaria a estatal na esteira das estratégias de descarbonização das empresas europeias e latino-americanas.
O presidente eleito é a favor de investimentos pesados em outros setores além da exploração dos lucrativos campos de petróleo offshore do pré-sal da Petrobras, como refinarias, distribuição, biocombustíveis e fontes renováveis de energia.
Lula disse que quer atrair investimentos estrangeiros focados no desenvolvimento de novos projetos, incluindo energia limpa, em vez de incentivar a venda de empresas nacionais.
Até agora, a Petrobras se concentrou em uma agenda ambiental, social e de governança, aumentando os fluxos menos poluentes do pré-sal e reduzindo a produção em áreas menos prolíficas em terra e no pós-sal. A empresa também visa uma redução de 25pc em suas emissões até 2030, enquanto investe em tecnologias de captura de carbono e reinjeção de CO2 para quase todos os novos projetos de upstream.
Mas Lula também propôs mudanças significativas na política ambiental, como parte de um plano mais amplo de redução de emissões. Ele prometeu replicar o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), programa que contribuiu para um declínio de 67pc no desmatamento quando esteve no cargo.
O presidente eleito também se comprometeu a atingir o desmatamento zero no Brasil, o que exigiria o aumento do replantio de áreas degradadas e desmatadas.
Lula prometeu fortalecer os órgãos de proteção ambiental Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), cujos orçamentos foram reduzidos sob Bolsonaro. E disse que bloqueará a legislação que permitiria a mineração em terras indígenas, que enfrentaram crescente devastação por grileiros e garimpeiros ilegais nos últimos anos.
Lula assumirá o cargo em 1º de janeiro.

